terça-feira, 12 de outubro de 2010

Em tempos de eleições no Brasil...



Fica frio, amigo, não foi o brasileiro o inventor da corrupção.

Baseado no mais profundo ensinamento da minha religião,

a corrupção começou no Princípio dos Princípios, justamente no Jardim do Éden.

Quando os dois proto-Safados, corrompidos pela Serpente, desrespeitaram a

Lei do Senhor e comeram o Fruto da Ciência do Bem e do Mal,





o desrespeito espantoso ficou conhecido como A Queda. Mas não passou assim pelo Todo (como era conhecido o Todo-Poderoso), que condenou os três culpados por uso indevido de bem público e formação de quadrilha.

Logo o Anjo Gabriel, executor das ordens do Supremo, expulsou Adão e Eva do Paraíso, obrigando-os a viver na periferia, a leste do Éden. Mas a Serpente, misteriosamente, nunca foi punida.

Millôr Fernandes.

In Millôr Fernandes: http://www2.uol.com.br/millor/aberto/biblia/008.htm





sexta-feira, 18 de junho de 2010

Saramago.

Hoje um verbo se calou....

O CLUBE DOS SUICIDAS

Moacyr Scliar



A senhora - o que foi que tomou, mesmo? Comprimidos. Não sabe que comprimidos? Gardenal. Tomou Gardenal. Muitos? Cuidado, não pise no fio do microfone. Dez comprimidos. E o que foi que sentiu? Uma tontura gostosa! Vejam só, uma tontura gostosa! Não é notável? Uma tontura gostosa. E foi por causa de quem? Olha o fio. Do marido. O marido bebia. Batia também? Batia. Voltava bêbado e batia. Quebrava toda a louça. Agora prometeu se regenerar. E ela não vai mais tomar Gardenal. Palmas. Olha o fio. Fica ali à esquerda. Ali, junto com as outras. Depois recebe o brinde. Aproveito o intervalo para anunciar que a moça loira da semana passada - lembram, aquela que tomou ri-do-rato? Morreu. Morreu ontem. A família veio aqui me avisar. Foi uma dura lição, infelizmente ela não poderá aproveitar. OUtros o farão. E a senhora? Ah, não foi a senhora, foi a menina. Que idade tem ela? Dez. Tomou querosene? Por que a senhora bateu nela? A Senhora não bate mais, ouviu? E tu não toma mais querosene, menina. A propósito, que tal o gosto? Ruim. Não tomou com guaraná? Ontem esteve aqui uma que tomou com guaraná. Diz que melhorou o gosto. Não sei, nunca provei. De qualquer modo, bem-vinda ao nosso Clube. Fica ali, junto com as outras. Cuidado com o fio. Olha um homem! Homem é raro aqui. O que foi que houve?
A mulher lhe deixou? Miserável. Ah, não foi a mulher. Perdeu o emprego. Também não é isso. Fala mais alto! Está desenganado. É câncer? Não sabe o que é. Quem foi que desenganou? Os doutores às vezes se enganam. Fica ali à esquerda e aguarde o brinde. E essa moça? Foi Flit? Tu pensas que é barata, minha filha? Vai ali para a esquerda. Olha o fio, olha o fio. E esta senhora, tão velhinha - já me disseram que a senhora quis se enforcar. É verdade? Com o fio do ferro elétrico, quem diria! E dá? Dá? Mostra para nós como é que foi. Pode usar o fio do microfone.

SCLIAR, Moacyr. Os Melhores Contos - Seleção Regina Zilberman - São Paulo: Global, 1984.
E tem Clube dos Suicidas em filme:

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Borboleta

Lá vem o pesquisador singrando mares.
Lá vem a moça bonita caminhando na praça.
Lá vem o menino, inocente olhar de anjo.
Lá vem o raio de sol.
Todos tem um só destino, tuas asas borboleta, tua doce melodia pousada em palavras.

Voa pro sucesso borboleta.
Que tuas fábulas delicadas e teus doces feitiços receitados em prosa e verso encantem ao mundo.

sábado, 5 de junho de 2010

Hoje

HOJE ACORDEI COM UM GOSTO DE NÃO NA BOCA!...

Joaninha!

Rubro em descobrir que me vês assim,
com olhos de raios X,
olhos indiscretos de quem quer descobrir o mundo.

Mas seria inútil barrar tua entrada
já que em minha vida entrastes sem usar portas,
janelas,
ou catracas.



Fostes absorvida.

E ella morreu.

Que Deus te dê liberdade pra morrer menina.



Que vc morra a cada vez que, como lagarta, precise metamorfosear-se.

Que vc morra a cada vez que, como as marés, precise ir banhar outras praias.

Que vc morra a cada vez que, como a lua, precise mostrar suas múltiplas faces.

Que vc morra a cada vez que, seu espírito precise se libertar e voltar brilhante, de aúrea nova a teu corpo lânguido e ressecado de sêde de uma vida nova.

Porque nem sempre morrer é perder-se pra sempre.

domingo, 18 de abril de 2010

................................Ser aos pedaços

...
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite.
Meu inverno e meu verão.
Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.



E me fez amor pela metade..............








Pequena intervenção à criação 'Os três mal amados' de João Cabral de Melo Neto.

sábado, 17 de abril de 2010

OBSESSÃO

Você roubou meu sossego

...............Você roubou minha paz

Com você eu vivo a sofrer
.........................Sem você vou sofrer muito mais

Já não é amor..............

Já náo é paixão

O que eu sinto por você
.......................É obsessão.

...............................COTIDIANO





Janela, porta, portão

Portão, portão, portão,


Luz do dia,

O negócio escuso na esquina,
Terríveis olhos me vigiam sob a fenda do capacete,

O drácula de shorts do outro lado da rua,

Cheiro de pólvora no ar,

Mais personne ne vient l'aider,

É o mau

O mal,

O lobo do homem

Homem,

Sepulcro.


E eu,

................... refém de mim!

sábado, 27 de março de 2010

Anonima mente...

Sentimentos afloram e nos traem... um dia.


Para alguém...


...Anonimamente...

Eu queria
Ter tua velocidade,
Imitar tua coragem,
Ter saído da concha
Vomitar meus sentimentos,
Ver a saída no abismo,

Plantar flores em teu caminho,
Ouvir tua voz,
Calar a minha,
Ser tua serenidade,
E o suspiro mais profundo,
Que te faz HOMEM...

quarta-feira, 17 de março de 2010

Olhos Abertos




No dia em que Elis faria 65 anos, a letra de uma canção que ela interpetou.



Composição: Zé Rodrix / Guttenberg Guarabyra



Atravessando uma ponte de noite, no meio da chuva
Cercada pelo silêncio daquela cidade do interior
Depois da ponte uma estrada de terra, molhada pela chuva
Cercada pelo silêncio e sem nenhum pedaço de amor

Vendo os olhares desertos de tantas pessoas antigas
Tantas pessoas amigas querendo um cigarro e um carinho
Gente que puxa uma briga na estrada, com os olhos brilhando
Precisa só de um abraço, bem forte e bem dado

E eu quero encontrar as pessoas
De mãos e olhos abertos
Sem me preocupar com dinheiro e posição

Eu preciso encontrar as pessoas
Ficar de mãos dadas com elas
Conversar com a boca e os olhos do coração

terça-feira, 16 de março de 2010

Sósereiseuseforsó/Nuvem Passageira

Karnak / Composição: André Abujmara/Hermes de Aquino


Eu sou só, estou só
Só serei seu se for só, eu sou só

Eu sou nuvem passageira
que com o vento se vai
Eu sou como um cristal bonito
que se quebra quando cai

Nao adianta escrever meu nome numa pedra
Pois essa pedra em pó vai se transformar
Você não vê que a vida corre contra o tempo
Sou um castelo de areia na beira do mar.

Nome das Coisas

Karnak

Nomes se dão às coisas
Nomes se dão
Nomes se dão às pessoas
Nomes se dão
Nomes se dão aos deuses na imensidão do céu
Nomes se dão aos barquinhos na imensidão do mar
Nomes se dão às doenças na imensidão da dor
Nomes se dão às crianças na imensidão do amor
You and me

Salame
Batata
Barata
Bigorna
Casa
Comida
Bicho
Paçoca
Tampinha de caneta
Bolinha de sabão
Rabo de galo
Circo
Pão
Conchinha de galinha
Coxinha do mar
Linha
Palito
Terra
Água
Ar
Seriema
Tatu
Merthiolate
Saci
Rocambole de laranja
Revista
Gibi

Pipoca
Margarina
Lentilha
Leitão
Carrinho de feira
Terremoto
Furacão
Centopéia
Isqueiro
Cefaléia
Blefarite
Cimento
Colar
Risole
Rinite
Armário
Geladeira
Furadeira
Cobertor
Ladeira
Pedreira
Fogueira
Extintor
Jeton
Bazuca
Suporte
Argamassa
Fio de nylon
Lamparina
Chocolate
Queratina
Juliana
Cadarço
Picareta
Beija-flor
Convidados
Esfiha
Chupeta
Fruta-cor
Trompete
Arame
Hepatite
Fax-símile
Chocalho
Geléia
Biga
Mocréia
Apolo
Nostradamus
Filarmônica
Marisa
Biriba
Pelé
Afrodite
José
Filho
Veleiro
Alá
Deus
Salomão
Peixe
Pão