domingo, 20 de dezembro de 2009

Ilegal, Imoral Ou Engorda

Vivo condenada a fazer o que eu não quero
então bem comportada às vezes eu me desespero
Se faço alguma coisa sempre alguém vem me dizer
Que isso ou aquilo não se deve fazer
Restam meus botões...
Já não sei mais o que é certo


E como vou saber
O que eu devo fazer
Que culpa tenho eu
Me diga amigo meu


Será que tudo o que eu gosto
É imoral, é ilegal ou engorda


Há muito me perdi entre mil filosofias
Virei mulher calada e até desconfiada
Procuro andar direito e ter os pés no chão

Mas certas coisas sempre me chamam atenção
Cá com meus botões...
Bolas, eu não sou de ferro


Paro pra pensar mas eu não posso mudar
Que culpa tenho eu, me diga amigo meu
Será que tudo que eu gosto

É imoral, é ilegal ou engorda


Se eu conheço alguém num encontro casual
E tudo anda bem, num bate-papo informal
Uma noite quente sugere desfrutar
Do meu terraço, a vista de frente para o mar
Mas a noite é uma criança
Delícias no café da manhã


Então o que fazer
Já não quero mais saber
Se como alguma coisa
Que não devo comer


Será que tudo o que eu gosto
É imoral, é ilegal ou engorda

.................................................................................................... Erasmo e Roberto Carlos





Papai Noel às avessas



Papai Noel entrou pela porta dos fundos
(no Brasil as chaminés não são praticáveis),
entrou cauteloso que nem marido depois da farra.
Tateando na escuridão torceu o comutador

e a eletricidade bateu nas coisas resignadas,
coisas que continuavam coisas no mistério do Natal.
Papai Noel explorou a cozinha com olhos espertos,
achou um queijo e comeu.

Depois tirou do bolso um cigarro que não quis acender.
Teve medo talvez de pegar fogo nas barbas postiças
(no Brasil os Papais-Noéis são todos de cara raspada)
e avançou pelo corredor branco de luar.
Aquele quarto é o das crianças.
Papai entrou compenetrado.

Os meninos dormiam sonhando outros natais muito mais
[lindos
mas os sapatos deles estavam cheios de brinquedos
soldados mulheres elefantes navios
e um presidente de república de celulóide.

Papai Noel agachou-se e recolheu aquilo tudo
no interminável lenço vermelho de alcobaça.
Fez a trouxa e deu o nó, mas apertou tanto
que lá dentro mulheres elefantes soldados presidentes
brigavam por causa do aperto.
Os pequenos continuavam dormindo.
Longe um galo comunicou o nascimento de Cristo.
Papai Noel voltou de manso para a cozinha,

apagou a luz, saiu pela porta dos fundos.

Na horta, o luar de Natal abençoava os legumes.

AQUI É OUTRO LUGAR DO MUNDO.

Aqui é outro lugar do mundo
Aqui é outro lugar do mundo

Paralelepípedos param helicópteros
Os ônibus no fim do dia
Paralelo é tudo que vejo
Arranha-céus da cabeça aos pés
Pára-quedas caem
É gente que não pára de chegar pra ficar perdida

Pára o trânsito
Pára-raio na cabeça
Pára o trânsito
Pára-raio na cabeça

Aqui é outro lugar do mundo
Aqui é outro lugar do mundo

A tiete, o Tietê
Shopping center e TV
A praia é no Ibirapuera
Fica todo mundo branco
Pé descalço ou de tamanco
A pé paulista sofre

Só que ninguém vê
A cidade poluindo
Só que ninguém vê
A cidade poluindo
Num bom cartão postal

Via satélite
Vi a polícia na contra-mão
Era uma vez (...) um casamento.






Ele precisava procriar, Ela precisava suster sua honra.
Um contrato de respeito e servidão.
E foram juntos para sempre.


Um dia criaram a pílula anticoncepcional.

Era uma vez um casamento
(E o amor entre eles)
Um contrato de satisfação sexual e sentimental.


O respeito e a tolerância se retiraram.
E Eles separaram-se para sempre.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009



Concrete Jungle

Bob Marley


No sun will shine in my day today
(No sun will shine.)
The high yellow moon won't come out to play

(Won't come out to play.)
Darkness has covered my light (and has changed,)
And has changed my day into night
Now where is this love to be found, won't someone tell me?
'Cause life, sweet life, must be somewhere to be found,
yeah

Instead of a concrete jungle
where the livin' is hardest

Concrete jungle, oh man, you've got to do your best,
yeah.
No chains around my feet, but I'm not free
I know I am bound here in captivity

And I've never known happiness,
and I've never known sweetcaresses
Still,
I be always laughing like a clown

Won't someone help me?
Cause, sweet life,
I've, I've got to pick myself from off the ground, yeah

In this here concrete jungle,
I say, what do you got for me now?
Concrete jungle,
oh, why won't you let me be now?

I said life must be somewhere to be found,
yeah
Instead of a concrete jungle,
illusion, confusion
Concrete jungle,
yeah

Concrete jungle, you name it, we got it,
concrete jungle now

Concrete jungle,
what do you got for me now

sábado, 12 de dezembro de 2009


TIENEN MIEDO DEL AMOR Y NO SABER AMAR
TIENEN MIEDO DE LA SOMBRA Y MIEDO DE LA LUZ
TIENEN MIEDO DE PEDIR Y MIEDO DE CALLAR
MIEDO QUE DA MIEDO DEL MIEDO QUE DA

TIENEN MIEDO DE SUBIR Y MIEDO DE BAJAR
TIENEN MIEDO DE LA NOCHE Y MIEDO DEL AZUL
TIENEN MIEDO DE ESCUPIR Y MIEDO DE AGUANTAR
MIEDO QUE DA MIEDO DEL MIEDO QUE DA

EL MIEDO ES UNA SOMBRE QUE EL TEMOR NO ESQUIVA
EL MIEDO ES UNA TRAMPA QUE ATRAPÓ AL AMOR
EL MIEDO ES LA PALANCA QUE APAGÓ LA VIDA
EL MIEDO ES UNA GRIETA QUE AGRANDÓ EL DOLOR

TÊM MEDO DE GENTE E DE SOLIDÃO
TÊM MEDO DA VIDA E MEDO DE MORRER
TÊM MEDO DE FICAR E MEDO DE ESCAPULIR
MEDO QUE DÁ MEDO DO MEDO QUE DÁ

TÊM MEDO DE ASCENDER E MEDO DE APAGAR
TÊM MEDO DE ESPERA E MEDO DE PARTIR
TÊM MEDO DE CORRER E MEDO DE CAIR
MEDO QUE DÁ MEDO DO MEDO QUE DÁ

O MEDO É UMA LINHA QUE SEPARA O MUNDO
O MEDO É UMA CASA AONDE NINGUÉM VAI
O MEDO É COMO UN LAÇO QUE SE APERTA EM NÓS
O MEDO É UMA FORÇA QUE NÃO ME DEIXA ANDAR

TIENEN MIEDO DE REIR Y MIEDO DE LLORAR
TIENEN MIEDO DE ENCONTRARSE Y MIEDO DE NO SER
TIENEN MIEDO DE DECIR Y MIEDO DE ESCUCHAR
MIEDO QUE DA MIEDO DEL MIEDO QUE DA

TÊM MEDO DE PARAR E MEDO DE AVANÇAR
TÊM MEDO DE AMARRAR E MEDO DE QUEBRAR
TÊM MEDO DE EXIGIR E MEDO DE DEIXAR
MEDO QUE DÁ MEDO DO MEDO QUE DÁ

O MEDO É UMA SOMBRA QUE O TEMOR NAO DESVIA
O MEDO É UMA ARMADILHA QUE PEGOU O AMOR
O MEDO É UMA CHAVE QUE APAGOU A VIDA
O MEDO É UMA BRECHA QUE FEZ CRECER A DOR

EL MIEDO ES UNA RAYA QUE SEPARA EL MUNDO
EL MIEDO ES UNA CASA DONDE NADIE VA
EL MIEDO ES COMO UN LAZO QUE SE APRIETA EN NUDO
EL MIEDO ES UNA FUERZA QUE ME IMPIDE ANDAR

MEDO DE OLHAR NO FUNDO
MEDO DE DOBRAR A ESQUINA
MEDO DE FICAR NO ESCURO
DE PASSAR EM BRANCO DE CURZAR A LINHA
MEDO DE SE ACHAR SOZINHO
DE PERDER A RÉDEA A POSE E O PRUMO
MEDO DE PEDIR ARRÊGO MEDO DE VAGAR SEM RUMO

MEDO ESTAMPADO NA CARA
OU ESCONDIDO NO PORÂO
MEDO CIRCULANDO NAS VELAS
OU EM ROTA DE COLISÂO
¿MEDO É DE DEUS OU DO DEMO?
¿É ORDEM OU É CONFUSÂO?
O MEDO É MEDONHO
O MEDO DOMINA
O MEDO É A MEDIDA DA INDECISÂO

MEDO DE FECHAR A CARA MEDO DE ENCARAR
MEDO DE CALAR A BOCA MEDO DE ESCUTAR
MEDO DE PASSAR A PERNA MEDO DE CAIR
MEDO DE FAZER DE CONTA MEDO DE ILUDIR

MEDO DE SE ARREPENDER
MEDO DE DEIXAR POR FAZER
MEDO DE AMARGURAR PELO QUE NÂO SE FEZ
MEDO DE PERDER A VEZ
MEDO DE FUGIR DA RAIA NA HORA H
MEDO DE MORRER NA PRAIA DEPOIS DE BEBER O MAR
MEDO QUE DÁ MEDO DO MEDO QUE DÁ

Já lhe dei meu corpo, minha alegria,

Já estanquei meu sangue quando fervia,

Olha a voz que me resta!

Olha a veia que salta!

Olha a gota que falta pro desfecho da festa...

Por favor.

Deixe em paz meu coração,

Que ele é um pote até aqui de mágoa.


E qualquer desatenção,

faça não

Pode ser a gota d'água.


Chico Buarque

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009


O caminheiro na estrada recriando a vida.

Duas rosas unidas, uma cerca viva de espinhos,

dois olhos de menina no outro lado desejam aquela beleza.

A chuva enchendo a cidade,
trânsito parado,
gotas fortes batem no pára-brisa como se pedissem para entrar
– buzinas,
o frio.

Procurava por algo que não estava ali,
encontrou a solidão.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Línguas




Ele era o professor mais cobiçado do curso de línguas, ela uma aluna muito esforçada e atenciosa, haviam se tornado amigos ao longo do tempo.
Num fim de manhã quente encontraram-se por acaso no centro da cidade.
Ela ficou paralisada. Ele estava tão feliz por tê-la encontrado que acabou lhe convidando pra almoçar, morava próximo ao local do encontro.
Ela aceitou o convite e alguns minutos depois os dois já adentravam o apartamento, um simpático quarto e sala revestido em pastilhas de um tom verde tão suave quanto o perfume que ele usava.
Ele preparava o almoço enquanto experimentavam uma taça de vinho,
ela queixou-se do calor.
Muito gentil, ele lhe ofereceu um banho.
A porta entreaberta deixava ver lances de seus braços e pernas se livrando da incômoda roupa.
Ele, resistindo à curiosidade, encheu mais uma taça e tomou de um só gole.
Terminado o banho voltou a encontrá-lo na sala.

Batidas na porta.

Era o porteiro com as correspondências.
Fechou-a e voltando-se para dentro encontrou-a próximo a seu corpo.
Com a respiração ofegante ela deu um passo à frente, tocou seu peito sobre a camisa e pode sentir que seu coração saltava.
Correu as mãos por seus braços e enquanto cheirava seu pescoço ia tirando-lhe a camisa.
Ele, como que embriagado pelas atitudes daquela que julgava ainda uma menina, encostou-se à porta se entregando.
Agora ela o beijava na altura do umbigo,
seu corpo já estava completamente úmido da saliva que brotava daquela boca quente.
Seus corpos se encontraram em instantes epilépticos.


Acordou.

Tudo havia sido um sonho?...

Aos pés da cama, a descoberta da calcinha com o cheiro dela.




Anônimo.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Sinfonia


A voz aguda roça minha nuca,
invade meu ouvido,
estremece o coração
– onde está a poesia?

Pai


Sua pele já não tinha o antigo viço,



o brilho de seu cabelo insistia em se apresentar.



Seu corpo preenchia a sala,

mesmo que sua alma passeasse em outros planos.



O éter, o lençol.



Um par de mãos trêmulas que lhe afagavam os cabelos

e lágrimas

refletindo o que jamais havia sido dito:
********************************************** "Eu te amo".


terça-feira, 8 de dezembro de 2009

ANONIMA MENTE

Eu queria

Ter tua velocidade,
Imitar tua coragem,
Ter saído da concha

Vomitar meus sentimentos,
Ver a saída no abismo,

Plantar flores em teu caminho,
Ouvir tua voz,
Calar a minha,

Ser tua serenidade,

E o suspiro mais profundo,

Que te faz HOMEM...